sexta-feira, 4 de maio de 2012



“Lisboa, menina e moça…”
Num destes dias visitei, pela primeira vez, a capital…
Ao primeiro impacto, ofuscaram-me a vista pessoas envelhecidas que mendigavam esmola quase adormecidas sobre as pedras ressequidas dos monumentos, homens de bigode com a pele castanha transpirada dos graus que escaldavam o largo do Rossio a tentar vender droga, olhares duvidosos, estátuas manchadas pela acidez da cor da gravada dos políticos que cortam a fita vermelha no dia da inauguração e sequer sabem a quem se faz tal homenagem, … Mas dando um desconto neste tempo de crise aos aspetos menos bons (porque, como tudo, “Lisboa, menina e moça” também os tem), devo confidenciar que reparei em vidas, movimentos e pessoas curiosas. E entretanto, já se abriam praças enormes, avenidas compridas...
Não admira que alguns dos grandes poetas portugueses tenham escolhido Lisboa para embalar os seus devaneios. A intensidade com que o ritmo daquele lugar nos sobe à cabeça é sobrenatural. (…) Eu não vi realmente, mas sentia Pessoa no voo invejável da gaivota, Campos nos ruídos citadinos, Reis algures nos artistas de rua e Caeiro a fazer sombra aos bancos de jardim. A combinação maravilhosa, não é verdade? É pois verdade.
Apesar disso (e além de mim), acho que mais ninguém respira aquele ar com olhos de ver. Se assim fosse, as pessoas dariam tanto valor à poesia o quanto que dão ao futebol, as avenidas cantariam rimas e o vento seria capaz de desenhar metáforas perfeitas. Mas eu aceito relativamente bem que mais ninguém seja capaz porque, a bem dizer, não existem duas pessoas iguais e não se tem uma cidade só para nós todos os dias (embora eu me achasse capaz). Desatinos à parte, “cheira bem, cheira a Lisboa!”.
Fascinaram-me as calçadas gastas de desgastar solas, os músicos que serviam melodias gratuitas a quem por eles passava, as redes dos eléctricos, a graciosidade das coisas, a senhora que atirava amor às pombas do Rossio, o elevador de Santa Justa, a indiferença e a pressa natural daquela gente. Fascinaram-me todas as realidades (e eu com elas, mais o irreal do meu subconsciente).
E nunca esquecendo a música que me ofereceram na praça, sei que Lisboa tem muito para dar ao meu coração, portanto: “My heart will go on…”.

(2012 - Realizado para a disciplina de Português; Classificação: 20 valores)

4 comentários:

  1. 20 valores...oh yeahh :D Muito bem :)

    E gostei, assim como quem classificou :)

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  2. descrição perfeita da capital loool

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  3. adorei o texto, não admira que tenhas tido 20 valores!
    conseguiste fazer uma descrição daquilo que sinto quando ando pelas ruas de lisboa :)

    beijinho*

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  4. é verdade! está fantástico :) não sou de lisboa, sou do norte de portugal :) beijinho*

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