“Lisboa, menina e moça…”
Num destes
dias visitei, pela primeira vez, a capital…
Ao primeiro
impacto, ofuscaram-me a vista pessoas envelhecidas que mendigavam esmola quase
adormecidas sobre as pedras ressequidas dos monumentos, homens de bigode com a
pele castanha transpirada dos graus que escaldavam o largo do Rossio a tentar
vender droga, olhares duvidosos, estátuas manchadas pela acidez da cor da
gravada dos políticos que cortam a fita vermelha no dia da inauguração e sequer
sabem a quem se faz tal homenagem, … Mas dando um desconto neste tempo de crise
aos aspetos menos bons (porque, como tudo, “Lisboa,
menina e moça” também os tem), devo confidenciar que reparei em vidas,
movimentos e pessoas curiosas. E entretanto, já se abriam praças enormes,
avenidas compridas...
Não admira
que alguns dos grandes poetas portugueses tenham escolhido Lisboa para embalar
os seus devaneios. A intensidade com que o ritmo daquele lugar nos sobe à
cabeça é sobrenatural. (…) Eu não vi realmente, mas sentia Pessoa no voo invejável
da gaivota, Campos nos ruídos citadinos, Reis algures nos artistas de rua e
Caeiro a fazer sombra aos bancos de jardim. A combinação maravilhosa, não é
verdade? É pois verdade.
Apesar disso
(e além de mim), acho que mais ninguém respira aquele ar com olhos de ver. Se
assim fosse, as pessoas dariam tanto valor à poesia o quanto que dão ao
futebol, as avenidas cantariam rimas e o vento seria capaz de desenhar
metáforas perfeitas. Mas eu aceito relativamente bem que mais ninguém seja
capaz porque, a bem dizer, não existem duas pessoas iguais e não se tem uma
cidade só para nós todos os dias (embora eu me achasse capaz). Desatinos à
parte, “cheira bem, cheira a Lisboa!”.
Fascinaram-me
as calçadas gastas de desgastar solas, os músicos que serviam melodias gratuitas
a quem por eles passava, as redes dos eléctricos, a graciosidade das coisas, a
senhora que atirava amor às pombas do Rossio, o elevador de Santa Justa, a
indiferença e a pressa natural daquela gente. Fascinaram-me todas as realidades
(e eu com elas, mais o irreal do meu subconsciente).
E nunca
esquecendo a música que me ofereceram na praça, sei que Lisboa tem muito para
dar ao meu coração, portanto: “My heart
will go on…”.
(2012 - Realizado para a disciplina de Português; Classificação: 20 valores)
20 valores...oh yeahh :D Muito bem :)
ResponderEliminarE gostei, assim como quem classificou :)
descrição perfeita da capital loool
ResponderEliminaradorei o texto, não admira que tenhas tido 20 valores!
ResponderEliminarconseguiste fazer uma descrição daquilo que sinto quando ando pelas ruas de lisboa :)
beijinho*
é verdade! está fantástico :) não sou de lisboa, sou do norte de portugal :) beijinho*
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