As manhãs são frias demais para dar as asas ao vento e o coração ao mar. Despedem-se as gentes dos ninhos quando já o fumo da chaminé paira longe sobre o mar. E enquanto as horas se decidem e enrolam os ponteiros do relógio, vendem-se ramos de flores novas e pousam gaivotas nos telhados. Bonitos são os dias em que o amor vem escrito em cartas, pelo correio, como era antigamente…

Na capital, nas horas maiores, chove prata e o amor flutua pelas praças enquanto se vêem poetas à janela. Ninguém adormece enquanto se contam histórias de amor. Enquanto a lua embala o menino na sua suave seda pérola. Na rua principal servem-se chávenas de chocolate quente aos solitários enquanto rapsódias que desenham os cantos da cidade trazem recordações felizes. E, lá em cima, as estrelas ganham forma para os atentos.

Cruzam-se mãos, oferecem-se rosas vermelhas, trocam-se casacos. A noite é alta e, cá no fundo, com os pés rentes ao chão e a alma em devaneios, não somos praticamente nada (- apesar do amor com que contamos os blocos de pedra da calçada, o que por si só já basta). Roubam-se beijos e abraços, partilham-se chocolates e corações embrulhados, fazem-se os passeios, os planos, juras de amor eterno; Repito: de amor eterno (– o que por si só já basta).

E eu, atenta às fábulas das estrelas, com a chávena de chocolate quente a aquecer-me a mão esquerda, escrevo no café da capital o amor, com muito amor…

Colleen, a 14 de Fevereiro