Já devíamos saber que os super-poderes não são para pessoas como nós. Coisas tão básicas como respirar, fazer voar um papagaio de papel num dia de vento ou despir malmequeres são metade da nossa realidade. A que resta é levada pela vontade de saltar de prédio em prédio, ou de voar, ou de viver debaixo de água ou nos cumes das montanhas e das árvores; levada pelos sonhos suaves que nos dão super-poderes para.

Passamos metade das nossas 24horas a encarar a realidade e a que resta a tentarmos desfazer-nos dela. E é por isso que, mesmo desacreditando nos meus super-poderes para metade do dia, em outras 12horas sou qualquer coisa de maravilhoso. E só neste último tempo me gosto de ver ao espelho. No primeiro tempo o espelho estilhaça-se.

Então, dependendo dos dias e da ordem com que acordam, gosto infinitamente das 12horas em que acredito no impossível e que tudo acontece… Mas não desgosto das 12horas de verdade que me prendem ao chão firme porque, como sou leve demais para os sonhos, preciso de saber controlar os meus super-poderes de meias luas. Q.b. … Porque, como disse, os super-poderes não são para pessoas como nós. Contudo, os super-heróis existem. Q.b.

Eu, quando o tempo é a condição fatal