Nunca fomos só nós porque o mundo era grande demais para sermos só nós. Mas eu sentia-me do tamanho do mundo quando me confiavas que amanhã ainda seriamos nós e que muitos anos depois continuaríamos a ser nós, apesar do mundo ser ainda maior. O tamanho das coisas sempre me assustou e nunca aceitei redondamente que não as soubesses colocar no lugar certo. Porém, eras a única pessoa que eu queria ter ao meu lado (independentemente de).

Hoje sou só eu. Eu e a minha loucura. E não há pássaros no céu nem armas carregadas. O quarto está maior e eu cada vez mais pequena. Pequena para mim, do tamanho do mundo para os demais. Não quero deixar que ninguém me veja fraca – apesar de o ser realmente e de o meu corpo se arrastar completamente pelas ruas ao sabor infeliz do vento e das folhas que com ele se arrastam neste outono. Ainda assim, é inevitável não me lembrar da nossa pele ou da tua voz. Mas ela há de calar…porque, por muito que me contradiga com estas palavras, ela não vale nada. Tal qual nós. Se assim não fosse, a distância seria uma migalha e nunca a tua principal razão para ires para longe de vez, longe dos meus olhos, da minha pele e do meu coração. E, tens razão: no início tudo são rosas; Mas, campeão, para existirem os mares são necessários dois amantes e muita força de vontade – a minha ilusão –, o amor por si só.

Não gosto quando dizes que isto é o melhor para mim. O melhor para mim seria saber que a tua pele precisa do meu perfume como o peixe precisa da água ou o pássaro do céu. Porque eu preciso de ti assim.

«O que tem de ser tem muita força», e é a pensar nisto que tento dormir minimamente sossegada… Com muita força.

Com saudades,

Para o único