segunda-feira, 31 de outubro de 2011



Olha para nós. Olha para as nossas coisas. Nunca fomos grandes nem nunca gostamos de quartos desarrumados. Sempre foste dócil e eu nunca me chateei por deixares a tua farda em cima da cadeira. A baixa temperatura obrigou-nos a estender os cobertores em cima do edredão e a ligar o aquecedor mais vezes porque o calor da luz se tornou insuficiente para tão poucos graus. Mas não nos sinto como chocolate quente. Sinto-te como o gelo quando me tocas e pedes desculpa porque me tocaste sem querer. Já não me abraças como no final do verão e a tua pele está deveras mais áspera. A tua voz sabe-me a tabaco mal batido – arranha – e eu sempre fui muito sensível. E as tuas coisas rastejam e voam espalhadas no meu caminho, tropeço nelas tantas e, de quando em vez, levo os joelhos ao chão. Sinto-te como o vento frio que amo (mas que não deixa de ser frio) e sinto-me a adoecer. Ligeiramente.

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